sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Sampaio precisa se profissionalizar fora de campo

Futebol e política: casamento não costuma render bons frutos
Acessos consecutivos, futebol envolvente, bons jogadores e time consolidado no cenário nacional. Assim é a breve história do Sampaio nos últimos três anos, com a conquista da Série D, o vice da Série C e a permanência na Série B em 2014. Sucesso dentro de campo. Mas fora de campo pouca coisa mudou, e mais do que nunca, chegou a hora de uma reformulação neste modelo da direção do Tricolor.

Como citei acima, dentro de campo o Sampaio conseguiu conquistar o respeito dos adversários, mas a atual estrutura física e administrativa do clube poderá ser um obstáculo para novos saltos. Vamos começar pela administração, exclusivamente do presidente Sérgio Frota.

Além de presidente do Tricolor, Frota ainda acumula o cargo de vereador, que a partir de 2015 passará a ser de deputado estadual. Política e futebol, um casamento que geralmente não costuma dá certo para os clubes maranhenses. Para detectar isso, basta lembrar de alguns exemplos de uso errado do Sampaio na campanha política do dirigente.

Um desses casos aconteceu no dia 29 de setembro, quando Pimentinha e Eloir, apareceram em uma caminhada apoiando e pedindo votos para Frota. O erro já começa ao usar atletas do clube de tal forma, vale lembrar que os dois jogadores, oficialmente estavam com lesões musculares, tanto que uma nota do clube foi divulgada explicando porque os dois ficariam fora do jogo contra o Luverdense, realizado dois dias antes de tal caminhada. Além disso, o time sub-19 virou uma máquina caça-votos, toda semana rodando o interior do Estado, sempre acompanhado por Frota em busca de votos.

Esses dois fatos mostram a necessidade de separar a figura do político Sérgio Frota para a o dirigente Sérgio Frota. Cargos e obrigações diferentes. Além disso, tudo no Sampaio é decidido somente por Frota. Atualmente André Martins responde como diretor de futebol, mas efetivamente está só como peça de enfeite. Não que André seja incompetente, mas porque Frota é quem diz o que será e o que não será feito no Sampaio.

Mais do que nunca, para 2015 o Sampaio precisará de um diretor de futebol, com poderes efetivos. Precisará de uma rede pessoal capaz de avaliar jogadores, principalmente porque o ciclo deste elenco, que vem desde a Série D, parece que chegou ao fim. Perder jogadores será inevitável, mas acima de tudo o time terá que saber repor com qualidade, para isso, não basta somente uma ou duas pessoas.

Neste aspecto vale citar o caso dos sete jogadores que começaram a barca Tricolor: Pitol, Gilton, Felipe Zang, Gabriel Cassimiro, Jonas Maia, Igor Pessanha e Leandro Neto. Dos jogadores nesta lista, apenas três participaram de algum jogo. Jonas Maia entrou em campo por 25 minutos, na vitória por 2 a 1 diante do ABC, Felipe Zang jogou apenas sete minutos, no empate com o América-RN, quando sofreu uma lesão, e Gilton Ribeiro, por causa da lesão de Willian Simões, jogou sete partidas, mas foi suspenso três vezes, com seis cartões amarelos e uma expulsão. Atletas, que se considerar uma média salarial de R$ 5 mil, custaram, minimamente, R$ 35 mil por mês aos cofres do Sampaio. Dinheiro que poderia ser usado na contratação de um jogador com mais qualidade do que os citados.

Junto com essa mudança administrativa também é necessário menos interferências nos trabalhos dos treinadores. Flávio Araújo e Lisca sofreram com os vários pitacos e indicações do presidente para escalar o time. Cada um segurou até onde conseguiu.

Além da questão administrativa, há também o aspecto estrutural. O CT do Sampaio carece de condições de treinos. Flávio Araújo já reclamava do campo, tanto que por vezes treinou no Nhozinho Santos, no Castelão e até em outros campos. Melhorias estruturais devem ser tratadas com urgência, principalmente no aspecto do campo.

O certo é que essas melhorias precisam ocorrer e não ficar apenas na promessa. Vale destacar, que como o time conseguiu esses acessos consecutivos, consequentemente arrecadou com patrocinadores e também premiações da própria CBF. Dinheiro que foi usado para melhorar a qualidade técnica do time, mas também precisar ser investido nestes detalhes.

Para finalizar, o treinador que chegar precisará de tempo. Não adianta querer que um time reformulado jogue com a mesma facilidade de um grupo que se conhecia há cinco anos. Os resultados são necessários, mas confiança e tempo para o trabalho ser executado, também são fundamentais.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

As lições de 2014 (e do Joinville) para o Sampaio

De volta à Série B após 12 anos, brigando pelo acesso até as últimas sete rodadas e a permanência garantida com tranquilidade no segundo pelotão do futebol nacional. Sim, 2014 foi um grande ano para o Sampaio. Para um time que conquistou a Série D, de forma invicta, e foi vice-campeão na Série C no ano seguinte, a campanha na Série B de 2014 foi excelente.

Como escrevi no início do ano, o Sampaio poderia repetir a surpresa que o Icasa foi em 2013, e quase fez isso. A saída de Flávio Araújo, por causa de desentendimentos com a diretoria do Tricolor, foi a chave para que isso não acontecesse. Posteriormente a falta de paciência com Lisca, minou definitivamente todas as chances de acesso do Tricolor.

Apesar disso, é necessário ter consciência que o Tricolor fez uma grande campanha na Série B, e ainda com chances de terminar em 10º lugar. Um exemplo para o time maranhense é justamente o Joinville, que selou o acesso para a Série A em pleno Castelão.

O Joinville tem uma história recente parecida com a do Sampaio, acessos consecutivos da Série D para a B, em 2010-11, e batendo na trave nas temporadas de 2012-13. Apesar disso, em 2014, o JEC se tornou o primeiro time a sair da Série D e chegar na Série A. Mas para isso foi necessário paciência, o que parece que faltou ao Sampaio neste primeiro ano de Série B.

Alguns fatores foram cruciais para determinar que o Tricolor fosse o tradicional time de meio de tabela. Um deles é o aspecto físico. Em 2012 e 2013, o Sampaio jogava somente nos fins de semana, em 2014 entrou na maratona nacional, com pouco tempo de recuperação. Nessas horas mostrou que faltou elenco, peças de reposição.

Além disso, o trabalho de Lisca, que durou apenas três meses, foi minado com a impaciência da torcida. O substituto de Flávio Araújo chegou com o peso de tentar repetir ao menos o sucesso de um treinador que conquistou tudo que era possível nos últimos dois anos. Mas sem tempo de trabalho, ninguém consegue conquistar nada.

Pressão que afetou o técnico até pedir para sair e ceder o lugar para Vinícius Saldanha. Essa última troca selou os rumos do Sampaio. Com Saldanha, apenas uma vitória e três derrotas seguidas, a pior sequência do time na Série B e fim do sonho de acesso.

Apesar disso, a manutenção do Sampaio na Série B, é sim um feito para comemorar. Tal qual como o Joinville, se o planejamento for bem montado nas próximas temporadas, pode conquistar uma vaga na Série A. E um planejamento nesse momento passa por buscar peças de reposições, uma vez que o ciclo de muitos jogadores chegou ao fim no Tricolor. Será necessário se reinventar e buscar qualidade para isso.