quarta-feira, 9 de julho de 2014

As lições do massacre alemão

"A CBF é o Brasil que deu certo" e "Nós já estamos com uma mão na taça" foram com as principais frases do auxiliar Parreira antes do início da Copa do Mundo. Mas o que vimos em seis jogos no Mundial e, principalmente, após o massacre alemão, é que o auxiliar técnico estava completamente equivocado.

Essa mesma Alemanha que atropelou o Brasil por 7 a 1 é fruto de um trabalho em prol da recuperação do seu futebol. O mesmo caminho deveria ser feito pelo futebol brasileiro. Há problemas óbvios sobre os quais nem se precisa detalhar, como o calendário exdrúxulo do nosso futebol, a "competência" dos nossos dirigentes e toda a estrutura e organização do futebol brasileiro.

A Alemanha há seis anos vem realizando um trabalho para voltar a ser campeã do mundo, um título que não vem desde 1990. O time de 2014, além da tática, tem o equilíbrio perfeito entre jogadores experientes, como Klose e Schweinsteiger, além de novos talentos como Muller (23 anos, 10 gols em duas Copas do Mundo), Gotze e Ozil, este último com uma participação apagada no Mundial.

Low chegou ao comando desta Seleção em 2006 e há seis anos vem sendo o responsável pelo trabalho. Um dos motivos desse massacre talvez possa ser encontrado neste aspecto também. Contratado em 2010, Mano Menezes sempre foi criticado, mas em seu melhor momento na Seleção, quando conseguia arrumar um time, acabou sendo trocado por Felipão. Um trabalho de dois anos e quatro meses teve uma troca em seu mentor faltando menos de um ano e meio para a Copa.

Voltando ao ponto da reformulação alemã no seu futebol, o time rejuvenesceu, melhorou taticamente e tecnicamente. Atualmente o Brasil é que pratica o futebol força, que outrora foi tão condenado por nós. Curiosamente, o futebol dos times que tem encantado o mundo nos últimos anos, são inspirados na antiga escola brasileira.

Outro ponto a ser destacado é que na Bundesliga clubes e federação trabalham em prol de todos. Até os anos 2000, as cotas de TV eram mal distribuídas, mas os dirigentes criaram a DFL, responsável pelo gerenciamento do futebol praticado no país, em parceria com a DFB (Federação de Futebol Alemã). As cotas passaram a ser divididas de uma forma justa, sem um abismo na diferença dos valores repassados para as equipes.

No Brasil, atualmente os clubes brigam entre si pelos motivos mais fúteis, como o caso da Taça das Bolinhas. No processo de divisão das cotas de TV há uma "espanholização" com Flamengo e Corinthians recebendo R$ 170 milhões, enquanto o Cruzeiro recebe R$ 60 milhões e o Figueirense apenas R$ 35 milhões.

A goleada desta fátidica terça-feira pode ser o golpe que o Brasil precisava para enxergar a mudança necessário em seu futebol. E como Marín afirmou antes da Copa do Mundo: "Se perdermos, vamos para o inferno". No inferno chegamos, agora resta sair dele.