sexta-feira, 24 de abril de 2015

A ridícula tentativa de virada de mesa no Campeonato Maranhense

Quando o Sampaio foi punido com a perda de seis pontos na Copa do Nordeste muita gente lamentou pela punição, por causa da escalação irregular do volante Curuca na primeira rodada. De fato, é sempre melhor que o resultado em campo seja mantido, mas naquele caso foi uma irregularidade prevista pelos regulamentos da competição. O jogador tinha uma punição pendente e entrou em campo sem cumprir: logo jogou irregularmente.

Agora, após três meses após o caso Curuca, uma nova bomba explode nos bastidores do futebol maranhense. Desta vez Santa Quitéria e Moto acusam o São José de ter escalado dois jogadores irregularmente na primeira rodada do Estadual. Os jogadores em questão são o goleiro Joanderson e o meia Wanderson, ambos com início de contrato no dia 30 de janeiro, o último dia útil antes da abertura do Campeonato Maranhense. Acusação, que beira o ridículo.

Para começar vamos à alegação do Moto: segundo a defesa o Rubro-Negro foi rebaixado em 2012 justamente pelo mesmo erro e com a punição o São José perderia a vaga na semifinal e os cruzamentos decisivos passariam a ser Moto x Santa Quitéria e Sampaio x Imperatriz.

O primeiro ponto do argumento do Rubro-Negro em parte está certo. De fato em 2012 o Moto, assim como o Cordino, São José e Sabiá, foi punido pela escalação de jogadores irregulares na primeira rodada do Estadual. Na época a obrigatoriedade da inscrição dos atletas no BID para o Campeonato Maranhense era uma novidade e a diretoria dos quatro times não observou este item.

Como consequência, Moto e Cordino perderam seis pontos, pois venceram os seus jogos na primeira rodada, enquanto São José e Sabiá perderam apenas três, pois perderam na estreia. Caso não houvesse a punição, Imperatriz e Sabiá seriam os rebaixados, com o Cavalo de Aço, que terminou com 18 pontos, ocupando o nono lugar dos rubro-negros que terminaram o torneio com 16 pontos.

Entretanto, a grande diferença para a edição de 2015 é a portaria 001/2015, que foi publicada no dia 30 de janeiro. A FMF publicou a medida por causa da dificuldade dos clubes para regularizarem seus jogadores e deu condição para todos os atleta do Campeonato Maranhense.

Além de dar condições de jogo para todos os atletas relacionados nos anexos, a portaria também anulou, somente para a primeira rodada, o artigo 14 do Campeonato Maranhense. Este artigo diz a respeito dos registros e dos prazos de inscrição. Por causa disso, o segundo argumento dos que defendem uma punição ao São José também é desconstruído.

"Art. 2º - Afastar a incidência tipificada na parte final do artigo 14 do Regulamento Específico do Campeonato Maranhense de Futebol Série "A" de 2015, no que tange a exigência da inclusão do nome dos atletas no Boletim Informativo do Diário Eletrônico (BID-e) da Confederação Brasileira de Futebol, para a primeira rodada da competição a acontecer no dia 01º de fevereiro de 2015."

Segundo Santa Quitéria e Moto, como Joanderson e Wanderson tinham o contrato começando apenas no dia 30 de janeiro, eles não poderiam ser inscritos no dia 29, prazo máximo segundo o regulamento do Estadual. Entretanto, como citado acima, a portaria derrubou este prazo.

Vale lembrar que até o dia 30 de janeiro, apenas Sampaio e Moto registraram, respectivamente, 14 e 13 jogadores no BID, conforme pode ser observado no site da CBF. Ou seja, se punisse algum clube por causa da escalação de jogadores que não estavam no BID, todos os outros times perderiam pontos, inclusive o Moto, que relacionou Cesinha, Felipe Dias, Wanderley, Naoh e Vavá diante do Cordino e tiveram os nomes publicados no BID apenas na segunda-feira.

Quanto aos atletas do São José, que Moto e Santa Quitéria julgam terem atuado de forma irregular, os contratos foram publicados no BID no dia 3 de fevereiro, antes da segunda rodada do Estadual, que foi realizada no dia 8 de fevereiro. Ou seja, na primeira rodada, entraram em campo amparados pela portaria da FMF e na segunda rodada já estavam com o nome no BID.

Infelizmente é uma tentativa de virada de mesa no Campeonato Maranhense e que conta com o apoio de um dos maiores clubes do Estado. Ao que tudo indica o TJD-MA deverá arquivar o caso, uma vez que a própria FMF deu aval para todos os clubes utilizarem os seus jogadores na primeira rodada e posteriormente não houve registro de irregularidade na competição. E que venha a final entre Sampaio e Imperatriz.


O advogado do Moto, Adolfo Testi, solicitou a publicação dos motivos pelos quais o clube acredita na irregularidade. Segue abaixo a nota.

Quero deixar claro que mesmo assim respeito a tua opinião. No entanto, para que os leitores do teu blog possam estar efetivamente bem informados, sugiro que faça um tópico nessa mesma matéria esclarecendo os seguintes fatos:
1) a Resolução da FMF jamais anulou o artigo 14 do Regulamento da Competição. Apenas afastou para a primeira rodada a incidência da parte final do referido artigo, que previa a obrigatoriedade do nome do atleta constar no BID.
2) A infração cometida pelo São José ocorreu diante da afronta ao parágrafo terceiro do artigo 14 (inscrição fora do prazo), e não da parte tornada sem efeito pela FMF na Resolução.
3)A própria Resolução da FMF prevê que compete aos clubes observar as condições regulamentares dos seus jogadores (ou seja, existem outras condições, além da inscrição no BID e AQUI DESTACO A INSCRIÇÃO DOS JOGADORES NO PRAZO PREVISTO NO REGULAMENTO), bem como aventou a possibilidade da FMF encaminhar ao TJD a notícia de infração no caso de jogadores irregulares (ou seja, a própria Resolução admite que isso é possível).
4) Portanto, é COMPLETAMENTE EQUIVOCADA a informação que a Resolução derrubou a previsão do parágrafo terceiro do artigo 14 do Regulamento da competição, que tratou do prazo de inscrição (não observado pelo São José de Ribamar).
5) Um artigo de Lei ou Resolução não pode ser interpretado de forma isolada. A interpretação deve levar em consideração todo o contexto legal.
Com relação a expressão "virada de mesa", tenho como completamente descabida. Espero que o amigo jamais precise buscar o Judiciário para reparar uma lesão sofrida, mas entenda, independentemente disso, que a Constituição Brasileira protege de maneira absoluta a garantia do cidadão de buscar os seus direitos caso violados.
Feitos tais esclarecimento, agradeço antecipadamente porque presumo que sua conduta será de postar tais esclarecimentos na matéria, para o bem da verdade e do bom jornalismo.

Hora de reforçar

Faltam apenas 14 dias para o início da Série B e o Sampaio já deu início ao processo de reformulação do seu elenco. Diferente de 2014, quando tinha uma base que sofria pequenas alterações a cada temporada, neste ano o Tricolor iniciou a temporada com um elenco totalmente novo e com a saída de seus principais jogadores.

Prova de que o time ainda está se adaptando às mudanças é a forma como veio a classificação para as semifinais do Campeonato Maranhense. O Tricolor avançou na quarta colocação com a sua pior campanha dos últimos seis anos. Apresentou altos e baixos no Estadual, principalmente no que diz respeito à intensidade do time.

Canindé iniciou a temporada escalando a equipe em um 4-2-3-1 com Raí e Gil Mineiro como pontas, mas logo teve que mudar a forma do time jogar. Chegou a testar o 4-3-2-1, com Gil Mineiro atuando como volante ao lado de Curuca e Edvânio e chega na reta final do Maranhense com o time jogando no 4-3-1-2 com Válber na frente da trinca de volantes, formada por Dudu, Curuca e Diones, enquanto Pimentinha forma a dupla com Robert.

A variação de formações e escalações mostra o problema que Canindé teve diante do elenco reduzido no início da temporada. Mas o problema não foi somente esse. Técnico novo, elenco novo, naturalmente as dificuldades surgiriam no início do ano. Ao que tudo indica a equipe sofrerá variações entre o 4-3-1-2 e o 4-3-2-1 na temporada.

As variações de sistemas e escalações do Sampaio em 2015 (clique para ampliar)
Os primeiros reforços já começaram a chegar, caso do meia Fábio Lopes, o lateral-direito Bruno Soares, o volante Moisés e o atacante Jheimy. Destes, Bruno Soares e Moisés devem chegar para serem titulares. Vale lembrar que nestes primeiros quatro meses a principal dificuldade do time foi com um primeiro volante. No início da temporada, Edvânio atuou improvisado no setor, até Dudu se firmar na posição, já que Robson Simplício não aguenta jogar durante os 90 minutos. Fábio Lopes e Jheimy devem ser os reservas, respectivamente, de Válber e Robert.

A tendência é que o Sampaio ainda contrate mais dois meio-campistas, que também atuem como pontas, atendendo às necessidades demonstradas por Oliveira Canindé. O certo é que diferente de 2014, quando o time chegou a sonhar com uma vaga no G-4, a segunda temporada na Série B poderá ser um pouco mais complicada.

Com a presença de times mais estruturados, como Botafogo, Vitória e Bahia, o Tricolor dificilmente deve aparecer com tanta frequência entre os primeiros sete colocados. Apesar disso, a tendência é novamente uma campanha intermediária, o que não é desmérito para a equipe. Vale sempre lembrar que há três anos, o time estava saindo da Série D e, em um processo de recuperação, chegou na Série B, onde vai se firmando aos pouco e no futuro poderá até iniciar o torneio sonhando com o acesso para a Série A.